Ao nos depararmos com o 6º e 9º mandamentos, quando estudamos os pecados mortais e veniais, pudemos extrair deles este conselho divino: “Sede puros!” Pureza de intenção, de coração e de corpo, pois uma não subsiste sem a outra, pelo menos não de modo estável. Assim, para que conquistemos a chamada virtude angélica, a pureza, de modo integral, é necessária uma disposição de fugir das ocasiões de pecado, além de uma constante vida de oração, de comunicação com Deus.
A pureza é uma das virtudes mais importantes do cristão. Isto porque são as intenções que tornam nossos atos moralmente bons ou ruins, indicando nosso comportamento. Por isso, de nada adiantam mil esmolas, diante de Deus, se são feitas com a intenção de ser bem-visto pela sociedade.
Ser puro de coração consiste em ter as razões certas para praticar os atos do cotidiano. Estes princípios são revelados no Evangelho, e ministrados pela Santa Mãe Igreja, através da Tradição. Por último, há também a própria voz de Deus em nossa alma, a consciência, que nos regula a praticar o bem e a não fazer o mal.
Além disso, o vício da impureza é fruto do orgulho. Aquele que peca contra a castidade, na verdade também peca contra a soberba, de jeitos diferentes, mas todos com uma característica: uma revolta contra o princípio absoluto. Até mesmo um ser humano carente, que se entrega ao desenfreado prazer sexual, no fundo sente frustração e irritação por não achar algo que o complete.
Por fim, o vício da impureza também traz muitas consequências nefastas ao ser humano: a falta de disciplina, a procrastinação, a perda da responsabilidade e da capacidade de raciocínio são algumas de suas disfunções. Hoje, a ciência prova mais que no passado tais malefícios que o vício da impureza traz; porém, não é de hoje que a luta contra o pecado da sensualidade existe. Encontramos em inúmeros santos e doutores da Igreja palavras de incentivo para o combate pela castidade.
Tendo presente o quão é importante a virtude da pureza na vida cristã, Deus, em seus dois mandamentos do decálogo, 6º e 9º mandamentos, nos ensina como podemos viver melhor a castidade.
O sexto, “guardar a castidade”, prescreve que a pureza precisa ser a nota tônica em qualquer que seja o estado de vida: solteiro, casado, viúvo. O desejo sexual não é algo ruim, mas sim sua hipertrofia; por isso, mesmo no casamento, é possível viver uma vida de castidade.
Porém, a virgindade, conhecida como castidade perfeita, é a escolha mais sublime, e são poucos, proporcionalmente falando, que a praticam. São os vocacionados ao estado de vida eclesial ou monacal, e alguns leigos que se entregam com mais intensidade a alguma missão da Igreja.
Os 6º e 9º mandamentos também pedem aos fiéis que sejam puros no seu íntimo: o manuseio do corpo deve ser feito de forma casta, e o cuidado com o cônjuge também; o ato sexual deve estar ordenado para a constituição da prole e para o bem dos esposos; e mesmo pensamentos e olhares já são pecados se as intenções de violar a virtude existir.
O 9º mandamento, além disso, traz uma outra particularidade: o vício da impureza é ainda mais maléfico quando se quebra uma promessa sagrada como o casamento. Por isso a atenção de Deus em acrescentar ao decálogo: “Não cobiçar a mulher do próximo”.