Quando falamos dos sete dons do Espírito Santo, podemos comprovar que o dom da piedade e do temor de Deus estão correlacionados.

Enquanto o temor de Deus nos enche de respeito por um Senhor que nos deu tanto e nos pede tão pouco, o dom da piedade nos faz praticar com consciência o pedido que Cristo nos fez: “Sede perfeitos como Vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

Mas, como se dá isso na prática da religião cristã, na obediência à Santa Igreja, seu Corpo Místico?

Só podemos ser perfeitos com o auxílio de Cristo

É evidente, para o leitor da Santa Bíblia, que Jesus, ao vir ao mundo, elevou a Lei ao seu mais alto patamar. Ele restaurou o que ainda havia de bondade no Antigo Testamento, fruto das práticas de um povo antigo, bárbaro e um tanto selvagem, e a sublimou.

Assim, o que antes era: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18), hoje se transforma na expressão de Cristo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15, 12).

Portanto, não pode haver compreensão do Antigo Testamento sem o Novo. Cristo é o centro, a pedra angular na qual toda a Lei antiga se encaixa para formar a Lei nova e perfeita.

Com Ele, podemos, sim, alcançar a perfeição da prática da Lei, pois Ele não só nos deu a possibilidade para isso através da graça, como também nos deu o ensinamento para essa prática.

No entanto, essa Lei não foi dada sem um promulgador. Quando pergunta a Pedro quem dizia ser Ele, à resposta do seu discípulo, profere: “Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela” (Mt 16, 18).

Assim, fica claro a quem Cristo deu o direito de conferir, coordenar e promulgar sua nova Lei: à Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a qual está edificada em torno da pessoa do Papa, o Vigário de Cristo.

Por isso, levando às últimas consequências as palavras de Jesus, podemos dizer que a Igreja é a instituição salvífica por excelência.

Na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II: “a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.

No respeito à Igreja temos a centralidade do dom da piedade

Se o dom da piedade é uma moção interna que nos leva a respeitar com fé a religião cristã, a centralidade deste mesmo dom é o respeito à Igreja Católica, sua constituição, seus ministros e sua estrutura.

Em seus dons, o Espírito Santo nos comunica a verdadeira piedade

É por isso que o dom da piedade nos leva a cumprir, com perfeição, o terceiro mandamento da Lei de Deus: "Guardar domingos e festas", o que nos leva a estar atentos à Sagrada Liturgia e à celebração dos Sacramentos.

Por este dom que respeitamos também os mistérios de Deus, explicitados com tanto carinho por sua Igreja, e os santos dogmas instituídos, não como uma imposição, mas como uma bússola. Por eles, nosso pensamento é guiado, auxiliado e expressado com segurança.

Outras práticas também favorecidas pelo dom da piedade são o culto aos Santos e à Virgem Maria; a devoção aos dias santos da Páscoa e do Natal, o empenho na conversão constante através dos Sacramentos e o respeito pelos sagrados ministros e pelas sagradas alfaias (materiais utilizados nas celebrações da Igreja: o cálice, os paramentos que revestem o sacerdote etc.).

A fé cristã é respeitada quando amamos e estimulamos o amor à Santa Igreja, afinal, a Igreja, Esposa do Espírito Santo, não poderia deixar de ser reverenciada por Ele.

Peçamos ao Espírito da Verdade que nos dê todo amor e devoção à Igreja Católica, auge e centralidade do dom da piedade.