Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Espiritualidade


Orgulho e luxúria: origem da decadência
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 

Orgulho e luxúria na obra Revolução e Contra-Revolução

O raiar do dia 13 de dezembro encontra no coração de todos os Arautos do Evangelho um sentimento especial: é comemorado o natalício de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, mestre e orientador de Mons. João Clá, fundador desta grande obra. Em espírito de união e alegria, vamos relembrar uma das passagens do livro Revolução e Contra-Revolução, de autoria de Dr. Plinio, onde ele comenta sobre dois pecados capitais, o orgulho e luxúria, e como estes são os responsáveis pela decadência do gênero humano.

A obra Revolução e Contra-Revolução

Neste livro, Dr. Plinio nos põe na perspectiva de que todas as crises que o mundo atual vive, sejam elas de segurança, de educação ou mesmo financeiras, não são senão frutos de uma única crise, profunda e planejada, que acompanha a humanidade desde o século XV: denominada Revolução, é esta a origem da espiral de acontecimentos que vem destruindo os homens.

Por mais que o livro seja composto, em seu cerne, apenas por algumas dezenas de páginas, o material é rico de observações e constatações de um grande filósofo e pensador como foi Dr. Plinio, além de toda fé e espírito de discernimento católico que o marcou. Por isso, vale a pena o leitor procurar o texto do livro na íntegra para poder degustar seu pensamento completo, do qual aqui constam pequenos trechos.

Leia aqui o livro Revolução e Contra-Revolução

Esta Revolução, como narra Dr. Plinio, tem 5 características: é una, universal, total, dominante e progressiva. Destas, a que mais nos interessa, neste artigo, é a última. Como vem progredindo estas crises no âmbito humano? Como não pôde ser contida a Revolução?

As molas da decadência humana

“Este inimigo terrível tem um nome: ele se chama Revolução. Sua causa profunda é uma explosão de orgulho e sensualidade que inspirou, não diríamos um sistema, mas toda uma cadeia de sistemas ideológicos. Da larga aceitação dada a estes no mundo inteiro, decorreram as três grandes revoluções da História do Ocidente: a Pseudorreforma, a Revolução Francesa e o Comunismo”.

Aqui Dr. Plinio dá, como fonte de propulsão da Revolução, o orgulho e a sensualidade, outro nome do pecado capital luxúria. Mas de que forma estes vícios afetam o progresso humano? “O orgulho leva ao ódio a toda superioridade, e, pois, à afirmação de que a desigualdade é em si mesma, em todos os planos, inclusive e principalmente nos planos metafísico e religioso, um mal”. Assim, o orgulho move o ser humano a sempre se considerar melhor que o outro, e, portanto, que merece uma exaltação e o seu inferior, uma punição. Não é o que vemos em tantas competições veladas hoje, seja no trabalho, na escola, no ambiente familiar?

“A sensualidade, de si, tende a derrubar todas as barreiras. Ela não aceita freios e leva à revolta contra toda autoridade e toda lei, seja divina ou humana, eclesiástica ou civil”. A família, como instituição, é principal afetada pela luxúria. Não só lares, porém, ela destrói; a luxúria favorece a revolta, pois amolece o corpo e a alma daquele que sacia sua sede em suas águas pantanosas. Além disso, a impureza emburrece, pois descola o ser humano do contato com o sobrenatural para se entregar ao prazer; assim, os luxuriosos são massa de manobra fácil de ser governada, pois perdem o pensamento crítico e só querem a pseudotranquilidade de serem deixados para pecar.

O orgulho e a luxúria no processo revolucionário

orgulho e luxúriaDr. Plinio continua, no livro Revolução e Contra-Revolução, a descrever como estes dois pecados foram os responsáveis pela decadência do gênero humano. Começa relembrando o espírito de cavalaria que havia na Idade Média, formado pelo zelo cristão e pelo amor ao sacrifício, e como foram sendo estes lentamente substituídos por outros dois: o amor romântico e a busca pelos prazeres.

Assim, as instituições medievais começaram a decair, pois o que importava mais não era a nobreza de alma e a rigidez diante dos sofrimentos da vida, mas sim aquele que mais se lançasse às delícias da vida. “O apetite dos prazeres terrenos se vai transformando em ânsia. As diversões se vão tornando mais frequentes e mais suntuosas. Os homens se preocupam sempre mais com elas. Nos trajes, nas maneiras, na linguagem, na literatura e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos vai produzindo progressivas manifestações de sensualidade e moleza. Há um paulatino deperecimento da seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risonho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrifício, da verdadeira devoção à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna”.

Como resultado desta sensualidade temos a Renascença. E, do lado da soberba, há a primeira das revoluções, a protestante: “o orgulho deu origem ao espírito de dúvida, ao livre exame, à interpretação naturalista da Escritura. Produziu ele a insurreição contra a autoridade eclesiástica”. E seguem as próximas revoluções, sempre inflamando esta pústula de orgulho e luxúria: “profundamente afim com o protestantismo, herdeira dele e do neopaganismo renascentista, a Revolução Francesa realizou uma obra de todo em todo simétrica à da pseudorreforma. A Igreja Constitucional que ela, antes de naufragar no deísmo e no ateísmo, tentou fundar, era uma adaptação da Igreja da França ao espírito do protestantismo”.

O comunismo é a próxima etapa desta decadência: “O que de mais lógico? O deísmo tem como fruto normal o ateísmo. A sensualidade, revoltada contra os frágeis obstáculos do divórcio, tende por si mesma ao amor livre. O orgulho, inimigo de toda superioridade, haveria de investir contra a última desigualdade, isto é, a de fortunas”.

A Revolução continua viva?

Dr. Plinio não foi um católico apenas de palavras, mas de ações. A formação que sempre pregou, e que repercutiram em Mons. João de modo magnífico, foi sempre acompanhada de medidas e condutas que harmonizavam com o que entrevia da História. Sua luta, portanto, mais do que em âmbito político, como homem público que foi, deu-se no campo do sobrenatural, no embate contra os pecados e no estímulo da virtude.

Sabia ele que o único modo de vencer este processo era cortando, na fonte, a sua força de progresso, isto é, o orgulho e a luxúria, bem como toda e qualquer forma de pecado. E ele sabia bem que o ser humano é inconstante e pendente ao mal, causa do pecado original de Adão. Por isso, seu grande legado foi o exemplo de catolicidade, em especial a sua devoção à Virgem Maria. Tal como um novo São Luís Grignion, pregou suas maravilhas e nunca deixava de recorrer a Ela. Era seu conselho mais rotineiro, sua conduta mais constante.

Nossa Senhora é a rainha da humildade e a Virgem entre as virgens. Se formos até ela, obteremos forças para vencermos nosso orgulho e luxúria. Assim, quanto mais formos em direção ao Reino da Mãe de Deus, mais o processo revolucionário perece. Porém, se deixarmos de ouvir os seus conselhos maternais mais interiores, fazemos a Revolução avançar mais.

Neste embate, uma coisa deve nos animar: a promessa de Maria Santíssima em Fátima: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará”. Portanto, Ela vencerá. A Revolução já esta morta, só não sabe ainda; e, para nós, para a humanidade, há também uma certeza: se estivermos com a Virgem, venceremos.

 
Comentários