Somos colocados, com frequência, em situações em que nosso conhecimento é testado. Na religião também é assim: várias vezes nos deparamos com palavras que ignoramos, termos que são um tanto parecidos, mas que escondem significativas diferenças. É por isso que o católico precisa se desenvolver sempre, procurando aprender, com regularidade, mais sobre sua fé e sua crença. Estudar as Sagradas Escrituras e o contexto que as cercam é importantíssimo, tanto que, para ler a Bíblia melhor, é necessário ajuda daqueles que nos precederam na Igreja. Hoje, vamos esclarecer um termo um tanto usado no Gênesis e nos livros quem vem logo após ele: a diferença entre patriarcas e profetas.
A palavra patriarca vem do conceito de pai, mas com um significado mais amplo: é o pai, o fundador de uma nação, de um povo. Quando lemos o Gênesis, estudamos a raça humana em formação, o que constroem e descontroem. É por isso que somos constantemente apresentados aos patriarcas, sendo o mais importante deles Abraão, pois é o pai do povo hebreu.
Mas antes dele, ainda temos alguns outros patriarcas: Adão, como primeiro ser humano; Set, filho e herdeiro de Adão, após a morte de Abel; Noé, quem enfrentou o dilúvio e passou pela purificação divina; Jafet, pai dos semitas e filho de Noé. Depois de Abraão, é considerado um patriarca também sua linhagem direta: Isaac, Jacó e José, o governador do Egito.
Na Bíblia, o termo profeta não é usado apenas para aqueles que tem visões e conseguem enxergar vislumbres do futuro e predizer profecias. Profeta é aquele responsável por conduzir o povo num momento difícil. É por isso que Moisés não é considerado mais um patriarca, pois não funda um povo, mas o conduz para fora do Egito. É, portanto, um profeta. Outros profetas responsáveis por conduzir o povo de Israel: Josué, Samuel, Elias, e os demais que muito conhecemos, como Isaías, Jeremias, Joel, etc.
Como patriarca é aquele que funda uma nova nação, ou um novo povo, e profeta o que conduz mediante uma dificuldade, podemos ter alguém que seja ao mesmo tempo patriarca e profeta, como o próprio Abraão o foi. Mas, após os primeiros séculos, Deus como que separou estas duas classes na Bíblia, dividindo o poder régio do poder profético. É por isso que temos os reis, novos patriarcas, e os profetas, que não governavam, mas apenas aconselhavam.
Assim, Davi, por exemplo, enquanto reinava, recebia revelações dos profetas, como Natan; Acab, rei, era intimidado por Elias a se ajeitar, e até mesmo outros reis pagãos, que não eram hebreus nem aceitavam a sua religião, também recebiam comunicação dos profetas, como Daniel revelando a Ciro sua morte. Estas passagens todas se encontram em diversos livros bíblicos que um dia poderemos comentar e trazer.
Engana-se aquele que afirma que o tempo dos patriarcas e profetas acabou quando veio Jesus. Os apóstolos, na formação da Igreja inicial, foram todos eles patriarcas e profetas, pois foram pais e condutores do povo de Deus. Os Padres da Igreja, assim chamados aqueles que formularam a doutrina inicial da Igreja Católica, foram patriarcas e profetas.
E não só nos primórdios: Santo Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas, foi patriarca por “criar” esta nova família dentro da Igreja. Além disso, também foi profeta ao conduzir o povo de Deus diante da heresia protestante. Por isso, ainda hoje podemos ter patriarcas e profetas. Peçamos a Nossa Senhora que nos dê a capacidade de discernir aqueles que tem a missão especial de ser uma luz na vida da Igreja Católica.