Estudando os Mandamentos da Lei de Deus, apoiados nos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica, vamos meditar sobre as prescrições e proibições do Quarto Mandamento: Honrar pai e mãe.

Dos Dez Mandamentos, três se referem à nossa relação com Deus e sete, à nossa relação com os homens. Destes, o Quarto Mandamento é o único que começa com uma prescrição, e não com uma proibição, como os demais.

Ele é o primeiro, logo após os que determinam como deve ser o nosso proceder para com Deus e o único que traz consigo uma promessa: "Honra teu pai e tua mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus vai te dar" (Ex 20, 12) Por que ele é tão importante?

No Quarto Mandamento, o amor à desigualdade

Diferente da moralidade vazia pregada em muitos lugares, Deus ama as desigualdades porque, nelas, Ele é melhor espelhado. Se todos fossem iguais, como simbolizar a infinitude de seus predicados?

Assim, quando observamos a natureza, percebemos o escalonamento de faculdades e aptidões, acontecendo o mesmo na sociedade humana.

Porém, o ser humano, depois do pecado original, fez desta desigualdade essencial na obra de Deus um fardo e um peso. Ele exagera nas diferenças, põe outros abaixo de si por ganância e desrespeita, com ódio, as luzes que cada ser possui individualmente.

É por isso que Deus nos comunica, com esta pequena descrição, seu desejo para uma justa desigualdade: “Honrarás teu pai e tua mãe”.

Na relação do pai e do filho, da mãe e da filha, portanto, está a imagem que Deus quer para todas as relações humanas. O afeto que desce dos progenitores pelo seu filho, pela sua cocriação, o desvelo, a atenção, o carinho e a doação são imagens de como o superior deve agir com o inferior, seja em que relação social for: pai e mãe para com os filhos, patrão para com os empregados, professor para com os alunos, governador para com os governados.

E, do filho para com seus pais, emana a posição do súdito para com o seu mestre: carinho, admiração, respeito e precedência. Estar numa posição de inferioridade não deveria ser um fardo, mas uma alegria, uma oportunidade de admiração das virtudes cristãs.

O que este Mandamento nos proíbe e o que nos prescreve?

O Quarto Mandamento proíbe ao cristão a revolta pecaminosa da vanglória e da soberba. Proíbe também a falsa apropriação do bem alheio, tanto dos grandes para com os pequenos como dos pequenos para com os grandes.

Outro ponto regido pelo Quarto Mandamento é a acolhida aos mais velhos. Na Bíblia lemos: “Amparas teu pai na velhice”, como forma de respeito por tudo o que aquela autoridade simbolizou, por mais que tenham terminado seus dias de mandato. É uma forma de o Senhor estimular o amor e caridade na sociedade humana.

Um lembrete de obediência também é necessário: como prescrição do Quarto Mandamento, o filho precisa obedecer ao seu pai, que representa a autoridade de Deus. Assim também, o súdito para com o governante, o empregado para com o patrão.

No entanto, se a ordem em si contiver um pecado, ela não pode ser obedecida, pois primeiro vem o dever para com Deus. Por isso, em uma situação pecaminosa, o inferior tem a obrigação de fazer frente e ilustrar, com paz de espírito, o erro da autoridade. Caso esta não ouça a voz da verdade, é permitido o justo levante.

Porém, é preciso que as intenções não maculem o ato: se a ação é feita com vanglória, ou com revolta e com ira, ou ainda por oportunismo e interesse, já é pecaminosa e vai contra o Quarto Mandamento da Lei de Deus. A contestação de uma autoridade que ordena ou promulga o pecado precisa ser medida pelo amor de Deus, que é o verdadeiro ofendido na história.