Ao nos aproximarmos da véspera de Natal, muitas são as considerações e reflexões que nos são propostas.
Algumas são as elaboradas chamadas para o consumismo: “última promoção, descontos de 50%”; outras ainda para fartas comilanças e divertidas festas.
Entretanto, é na noite de Natal que precisamos nos perguntar: diante do presépio, quem nós temos sido? E, se chegarmos a uma conclusão ruim, é necessária uma grande mudança na vida.
Os santos esposos, pais do Menino
Um bom método que nos ajude a responder à questão está em considerar as personagens que atuaram no nascimento de Jesus.
Os dois primeiros em nossa lista são aqueles que fizeram, pela sua resposta positiva, o Natal acontecer: Nossa Senhora e São José.
Ambos foram tocados pelos Anjos, tiveram que aceitar o inusitado sem o compreender inteiramente, e foram esplendidamente fiéis durante o sofrimento.
Como nos assemelharmos mais a eles?
Sua grandeza é tão alta que atinge mesmo as estrelas.
Por isso, a única forma de alcançá-los é recorrendo diretamente a eles, através da oração e da admiração. Eles não negarão nossos pedidos de santidade.
Uma reflexão natalina
Mas, para servir de reflexão nesta noite de Natal, devemos nos perguntar: como estou sendo eu no meu dever de esposo, esposa, pai, mãe, filho, filha?
Como me porto perante uma autoridade que está mais próxima a mim? Sou como Maria Santíssima perto de seu Divino Filho, que vê num frágil Menino seu Deus?
E a reflexão oposta também é importante: como sou com meus subordinados? Tal qual um São José, que se reconhecia o menor, mas sabia que era seu o cargo de chefe de família, tenho sido ao mesmo tempo bondoso, mas prudente, em minha liderança?
A tríplice harmonia: Anjos, pastores e reis
No presépio, nesta noite de Natal, vemos também presentes os Anjos que entoam glórias a Deus.
São puros espíritos, mas no presépio estão representados como seres humanos com asas, com túnicas vistosas e faixas de celebração e alegria.
Seus cânticos proporcionam paz à Terra, pois quando o homem está em ordem com o sobrenatural, sua consciência está tranquila.
Temos procurado sanar nosso sofrimento espiritual?
Damos valor às nossas angústias, aos nossos tormentos, às nossas experiências ou as desprezamos, achando ser frescura curar nossa alma?
O que tenho feito para ter uma consciência mais tranquila?
Estou em dia com o Sacramento da Confissão? Qual foi a última vez que estive num confessionário?
Os pastores, por outro lado, representam a busca pelo conhecimento, pela Sabedoria Encarnada.
Simples e pequeninos, ao verem a estrela, marcharam sem demora para onde a luz era mais intensa. E lá, nos braços de Maria, acharam o verdadeiro prêmio.
A reflexão que eles nos propõem, na noite de Natal, é esta: qual tem sido meu esforço para aprender mais sobre a doutrina católica? Sobre a minha profissão? Tenho buscado mais conhecimento fértil, ou seja, que vai proporcionar mudanças em minha vida?
Por fim, temos os Reis Magos. Poderosos, ricos, conquistadores. Mas nada disso os impediu de pegar o caminho rumo a Belém e se ajoelhar perante o Menino; de Lhe trazer presentes que simbolizam a missão do Messias, submetendo-se a seu domínio.
Eles nos ensinam que de nada valem a saúde e o conhecimento se não estiverem ordenados a Deus, em primeiro lugar, e a nosso próximo, em segundo.
A decepção na noite de Natal: Herodes e os fariseus
Por mais que Herodes e os fariseus não estejam representados no presépio, eles se relacionam intimamente à noite de Natal.
Foi ao governador que os Magos pediram assistência, e foi aos fariseus que correu Herodes para obter respostas. Sem titubear, e com grande concordância, afirmaram eles que o Messias deveria nascer em Belém, segundo as Escrituras.
Na atitude de Herodes e na dos reis vemos disparidade: enquanto estes tomaram sua caravana para continuar avançando, o suposto chefe de Israel continuava sentado no seu trono, mas nada desinteressado: uma crise de ciúme imensa aterrorizava seu espírito.
A Bíblia conta como ele pedira informações a fim de também ir “adorar” o Menino. No entanto, ao perceber que os Magos fugiram de sua presença, ordenou, irritado, executar todos os meninos com menos de dois anos na região de Belém. Assim poderia ver-se livre do “usurpador” de seu trono.
Ponto de meditação: qual tem sido minha atitude perante os benefícios dos outros? Sou invejoso, procurando tirar a atenção dos que a merecem?
A admiração ainda me cobra o dever de honrar o próximo. Tenho tornado a vida dos que convivem comigo mais agradável por elogiar seus feitos, quando merecem?
Para encerrar este artigo, observemos os fariseus. Era o seu Messias, o seu prometido que nascia. Eles sabiam o lugar e sabiam o tempo, segundo as profecias bíblicas. Mas eles não se dirigiram ao presépio… Os Magos passaram por Jerusalém, porém o acontecimento não animou as autoridades judaicas a adorarem o Divino Infante.
A pior cegueira é a daqueles que não querem ver. Tornaram-se amargos para sempre, pois até hoje ainda não acreditam no que seus antepassados narraram aos reis.
Aqui, novamente, encontro um momento de reflexão.
Como estão meus ouvidos para a voz de Deus? Tenho procurado, no silêncio, interpretar seus desígnios, ou vivo na balbúrdia, no caos, na bagunça, procurando esquecer que tenho uma alma eterna, a qual perdurará para sempre?
Que, nesta noite de Natal de 2022, nosso olhar esteja voltado para o presépio, e não para o consumo ou para as diversões, que de fato existem, mas nem de longe são a principal celebração.
O Natal é o nascimento de Jesus, e os corações precisam se elevar para melhor recebê-Lo.
Que Nossa Senhora nos conceda um Natal santificado e um ano de 2023 ainda mais ao lado de Jesus.