Hoje a Santa Igreja reserva uma celebração dedicada aos inúmeros, incontáveis inocentes mártires que sofreram a morte a mandado de Herodes.
Não há algo que repudie tanto como a violência contra o indefeso. Ainda mais quando este indefeso é apenas uma criança, que mal tem consciência de si mesmo.
Assim, com a festa dos inocentes mártires, a Barca de Cristo também quer lembrar do sofrimento injusto de todos os pequenos pelos séculos, daqueles que Nosso Senhor proferiu: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mt 25, 40).
Assim que a caravana dos Reis Magos se dirigiu para a Capital, Jerusalém, perguntando onde haveria de nascer o prometido, Herodes farejou, em sua insegurança, um adversário.
O menino Jesus era sim seu inimigo, mas porque Herodes era ruim, um pecador cruel e insensível; porém, o que poderia fazer um bebê contra um trono consolidado no poder militar? Percebemos aí a ilucidez de Herodes, que caracteriza os arrogantes e orgulhosos.
O rei, então, pediu aos três magos que voltassem a ele, pelo caminho de Jerusalém, e contassem quem era o menino, para que ele pudesse ir adorá-lo. Junto com o orgulho vem sempre a hipocrisia, a mentira, a calúnia.
Mas Deus tinha suas cartas na manga. Aparecendo em sonho aos Reis Magos, pediu que eles voltassem por outro caminho. Quando foram embora, o Menino Jesus já estava estabelecido em uma pequena casinha, nos arredores de Belém.
Herodes esperou febricitado e enlouquecido por um ano. Quando estava para se findar o segundo ano, percebeu que o fizeram de bobo, e a enorme comitiva já deveria estar longe, em sua terra.
Desesperado, alucinado, ensandecido, Herodes pediu que os sumos sacerdotes fizessem os cálculos levando em conta as profecias bíblicas e as informações que os Reis Magos lhe haviam passado.
Estes chegaram à conclusão de que, se o Messias já estivesse entre eles, teria menos de dois anos de idade.
Destruído pelo pecado, egoísta e egocêntrico, Herodes não mediria esforços para manter-se no trono. Assim, ordenou a todos os soldados que fossem a região da Judeia, área que abarcava Belém e arredores, e matassem todos os nascidos de até dois anos.
Essa matança injusta ficaria para sempre destacada na História. Imaginem os pais das crianças, que sem entender, viam o seu pequeno rebento lhes ser tirado dos braços e brutalmente assassinados.
A cena nos deve dar horror. Deve-nos dar desprezo por aqueles que condenam a vida humana. Deve-nos dar consciência de que cada aborto é mais uma vez a ordem de Herodes que repercute pelos tempos futuros.
Os inocentes mártires são o primeiríssimo rebento da missão de Jesus, que veio abrir o seu para nós, homens. Tão pequenos e tão gloriosos; sem saber falar, deram testemunho da divindade de Cristo.
Por isso celebramos a festa de hoje com as cores vermelhas mesmo em pleno tempo Natalino. O sangue dos pequeninos foi derramado pelo tirano injusto, mas Deus os recompensou, e estão mais felizes que nós.
Que estes inocentes mártires nos deem força para testemunhar a Nosso Senhor nas dificuldades da vida.