A existência dos Anjos não é uma fantasia ou uma invenção humana, mas uma verdade contida nas Sagradas Escrituras, que está repleta de exemplos da atuação dessas criaturas incorpóreas e puramente espirituais junto dos seres humanos.
Os Anjos são mencionados 137 vezes no Antigo Testamento e 174 vezes no Novo Testamento. Eles estiveram presentes desde a criação do mundo; foi um Anjo que anunciou a encarnação do Filho de Deus; eles acompanharam toda a trajetória de Nosso Senhor, do nascimento à ascensão aos Céus e serão eles que estarão conosco até o fim dos tempos, executando os grandes acontecimentos do porvir, anunciados no livro do Apocalipse de São João.
Porém, mesmo com tantas menções a essas elevadas criaturas, a Bíblia Sagrada só revela os nomes de três deles, os Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel. Não são nomes dados pelos homens, mas, pelo próprio Deus, e designam a essência desses seres. Rafael significa “Cura de Deus”; Gabriel, “Força de Deus” e Miguel, “Quem é como Deus?”. Existe ainda a denominação do Anjo caído, Lúcifer, cujo significado era “portador da Luz”.
É um dogma da Igreja, portanto uma verdade de fé, a existência de um Anjo da Guarda para cada pessoa e é neste ponto que entra a curiosidade humana, fazendo com que muitos se sintam desejosos de saber o nome do seu guardião. Existem muitas crendices a esse respeito e circula até uma ‘oração para saber o nome do Anjo da Guarda’, porém, será que nos é dado ter esse conhecimento?
Após ter criado todas as coisas, Deus ordenou a Adão que as denominasse. Assim, todos os animais, árvores, plantas e objetos foram por ele batizados, porque todas essas coisas lhes eram inferiores e feitas para o seu uso. No entanto, os Anjos são seres de uma categoria diversa e, ainda que cuidem particularmente de cada ser humano, não estão a eles submetidos. Logo, não podem ser por eles denominados. Dessa forma, não podemos escolher um nome e “batizar” nosso Anjo com ele.
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Então, o que devemos fazer para saber o nome do nosso Anjo da Guarda? Apelar para a oração que se diz destinada a esse fim? Consultar especialistas em angelologia?
Primeiro, um bom católico não pode dar ouvidos a essa espécie de ‘oração’, surgida não se sabe onde, composta não se sabe por quem e de efeito completamente nulo. Segundo, embora a angelologia seja uma disciplina teológica, que investiga a existência das criaturas angelicais e seu papel na história da Criação Divina, estudada por pessoas sérias, este é um campo onde pulula o charlatanismo e disso, todo católico deve manter distância.
A doutrina da Igreja deixa claro que nós não podemos tentar descobrir ou dar nomes aos nossos Anjos. Segundo o Diretório sobre a piedade popular e a liturgia, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, “é de se rechaçar o costume de dar aos Anjos nomes particulares, com exceção de Miguel, Gabriel e Rafael, que aparecem nas Escrituras”.
Um dos primeiros registros históricos desta prática data do ano 745, quando um fiel de nome Adalberto invocou diversos Anjos em suas orações, citando-os nominalmente. Para se ter ideia da seriedade e gravidade de atos desse tipo, o homem foi condenado pelo papa Zacarias, pelo crime de ter pedido auxílio a demônios.
Nas Sagradas Escrituras existem relatos de pessoas que tentaram, sem êxito, descobrir os nomes dos Anjos que com elas se relacionaram. Um desses exemplos está no livro de Gênesis, quando o patriarca Jacó pediu à criatura misteriosa que lutara com ele no deserto: “Peço-te que me digas qual é o teu nome. — ‘Por que me perguntas o meu nome?’ — respondeu ele. E abençoou-o no mesmo lugar.” (Gn 32, 30). Também no livro de Juízes, quando visitada por um Anjo, a mãe de Sansão afirma que ele não lhe revelou o seu nome e, quando o seu marido, Manué, se encontra com o mesmo Anjo, pede-lhe que revele o seu nome para que possam honrá-lo quando a sua promessa de que a esposa estéril daria à luz um filho se cumprisse, ele responde: “Por que me perguntas o meu nome? Ele é Magnífico”. (Jz 13,18).
Ademais, com que finalidade desejamos saber o nome dessas criaturas? Isso em nada nos acrescentaria. Nosso relacionamento com os Anjos deve ser de devoção, amizade, respeito, admiração e até submissão. Aliás, eles foram criados para cuidar de nós, e é irrelevante sabermos ou não os seus nomes. Se o que nos move é a mera curiosidade, ainda pior, pois caímos em pecado ao tentar penetrar os insondáveis mistérios de Deus.
Entretanto, apesar de todas essas considerações, existe um único nome que se amolda a cada Anjo. Um espelho, no qual se mire uma infinidade de pessoas, refletirá cada rosto com o seu formato e as suas peculiaridades. Analogamente, cada Anjo, dos mais simples aos mais elevados, está a serviço de Deus e representa o cuidado que Deus tem por cada um de nós. Dessa forma, sendo os nomes dos Anjos a definição de sua essência, basta um único nome para designá-los. Sim, uma única palavra para, tal qual o espelho, representar cada um deles. Assim, para saber o nome do seu Anjo, basta pronunciar a palavra “Amor”. Isso é exatamente o que todos eles significam: o vasto, perfeito, infinito e imensurável Amor de Deus por cada uma de Suas criaturas.
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