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A batalha entre os Anjos
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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O primeiro dos Anjos

Imenso é o esplendor do mundo angélico criado por Deus. Entretanto, quis o Altíssimo colocar um ápice, um ponto monárquico, um ser que espelhasse de modo inigualável a luz eterna e inextinguível. Obra-prima do mundo angélico, estava no mais alto dos coros e todos se extasiavam diante dele. “Tu és o selo da semelhança de Deus, cheio de sabedoria e perfeito na beleza; tu vivias nas delícias do paraíso de Deus e tudo foi empregado em realçar a tua formosura!” (cf. Ez 28, 12-13).

Lúcifer era seu nome: o que levava a luz…

Sendo o primeiro dos serafins, iluminava todos os espíritos celestes com os reflexos da divindade que sua inteligência discernia com o auxílio da graça. 

A prova dos espíritos celestes

Entretanto, antes de poder contemplar, por toda a eternidade, a essência de Deus, os Anjos deviam passar por uma prova. 

Diante deles a face do Ser infinito permanecia, como que, envolta em penumbras e só seus reflexos eram capazes de alimentar o ardente amor das legiões do Senhor. Apesar da altíssima perfeição da sua natureza, “não podiam dirigir-se a esta bem-aventurança por sua vontade, sem ajuda da graça de Deus”.

Segundo afirmam Tertuliano, São Cipriano, São Basílio, São Bernardo e outros santos, a prova que decidiu o destino eterno dos espíritos angélicos foi o anúncio da Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, o qual haveria de nascer da Virgem Maria.

Podemos imaginar, então, que uma perplexidade atingiu as fileiras das milícias celestes ao conhecerem intuitivamente, por uma ação de Deus, o plano da Salvação: o Criador eterno, inacessível, todo-poderoso, se uniria hipostaticamente à natureza humana, elevando-a assim até o trono do Altíssimo; e uma mulher, a Mãe de Deus, se tornaria a medianeira de todas as graças, seria exaltada por cima dos coros angélicos e coroada Rainha do universo!

O inexplicável surgia diante dos Anjos como sendo o píncaro e o centro da obra da criação.

A prova havia chegado. Amar sem entender! Amar sobre todas as coisas ao Deus Altíssimo que numa sublime manifestação de seu amor havia tirado do nada todas as criaturas! Reconhecer, num supremo lance de adoração e submissão, a superioridade infinita da Bondade absoluta e eterna! Era este o ato que confirmaria os espíritos angélicos na graça divina e os introduziria na visão beatífica para todo o sempre.

São Miguel e Lúcifer, o primeiro enfrentamento da história

Contudo, Lúcifer duvidou diante de um mistério que ultrapassava seu entendimento angélico. Ou seja, será que Deus ignorava a natureza perfeitíssima dos Anjos e preferia unir-Se a um ser humano, tão inferior a eles na ordem das criaturas? Portanto, Ele, o mais alto dos serafins, seria obrigado a adorar um homem? “Esta união hipostática do homem com o Verbo pareceu-lhe intolerável e desejou que fosse realizada com ele”, afirma Cornélio a Lápide.

Por certo, só com ele mesmo, Lúcifer, “o perfeito desde o dia da criação” (Ez 28, 15), Deus deveria unir-Se e deste modo constituí-lo como o mediador único e necessário entre o Criador e as criaturas. Assim, “aquele que do nada havia sido feito Anjo, comparando-se, cheio de soberba, com o seu Criador, pretendeu roubar o que era próprio do Filho de Deus”, conclui São Bernardo.

Dessa forma, “o Anjo pecou querendo ser como Deus” e o príncipe da luz tornou-se trevas.

Fez-se então ouvir o primeiro grito de revolta da história da criação: “Não servirei! Subirei até o Céu, estabelecerei o meu trono acima dos astros de Deus, sentar-me-ei sobre o monte da aliança! Serei semelhante ao Altíssimo!” (cf. Is 14,13-14).

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Entre o Anjo revoltado e o trono do Todo-Poderoso erguia-se “um dos primeiros príncipes” (Dn 10, 3), um serafim incomparavelmente mais esplendoroso e forte do que havia sido “o que levava a luz”. Todavia, quem era este que ousava desafiar o mais alto dos Anjos e agora refulgia invencível, revestido do “poder da justiça divina, mais forte que toda a força natural dos Anjos”?

Quem era este? Chama viva de amor, labareda de zelo e humildade, executor da divina justiça.

“Quem como Deus?” — Milhões de milhões dos espíritos celestes repetiram o mesmo brado de fidelidade. “Quem como Deus?” — Este sinal de fidelidade, que em hebraico se diz Mi-ka-el, passou a ser o nome daquele serafim que por sua caridade ímpar foi o primeiro a levantar-se em defesa da Majestade ofendida.

Michael, Miguel: nome que exprime, em sua sonora brevidade, o louvor mais completo, a adoração mais perfeita, o reconhecimento mais cheio de amor da transcendência divina e a confissão mais humilde da contingência da criatura.

Deu-se início a primeira batalha da história. Uma guerra que não teria mais fim: a luta eterna entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a verdade e o erro. Que São Miguel interceda por todos nós e nos conceda a graça de sermos abrasados de amor a Deus como ele.

(A Redação)

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