Redação (Segunda-feira, 18-05-2015, Gaudium Press) O Padre Francisco Javier Sancho Fermín, da Ordem dos Carmelitas Descalços (OCD) ministrou uma conferência intitulada “Teresa de Jesus, especialista comunicadora no século XVI”, na qual tratou sobre a santa carmelita, mística e doutora da Igreja, por ocasião dos 500 anos de seu nascimento, que se comemoram neste ano de 2015, e no marco de um encontro de comunicadores católicos.
Para o sacerdote carmelita “Teresa é uma grande comunicadora” que segue assombrando a literatos, filósofos e pensadores “graças à força de sua linguagem e sua capacidade de comunicar”, aspectos que -como sublinha- “emergem principalmente da temática a qual se dirigem seus escritos: falar-nos de nossa interioridade, do Mistério que acontece e diante do qual não é fácil desenhar palavras”.
Dote de comunicadora que tocou, ao longo da história, o coração de muitos outros santos, como é o caso de Edith Stein, que logo depois de ler os escritos de Teresa de Jesus decide entrar para a Igreja Católica. Ela expressava sobre a obra teresiana: “A exceção das Confissões de Santo Agostinho, não existe na literatura universal nenhum outro livro que como este leve o selo da verdade, que tão inexoravelmente ilumina até os rincões mais escondidos da própria alma e que deposita um testemunho estremecedor da ‘misericórdia de Deus'”, cita o Padre Sancho Fermín.
Para o sacerdote carmelita algo que chama bastante a atenção da Santa é o muito que ela pode escrever, sobretudo cartas, apesar das dificuldades que enfrentou em seu tempo. “Bastaria aproximar-nos de seu epistolário para dar-nos conta da importância que para Teresa adquire a comunicação. Por desgraça não conservamos mais que quase 500 cartas, quando possivelmente escreveu -segundo calculam alguns estudiosos- entre 15.000 ou 20.000 cartas (…) E é que Teresa sempre considerou fundamental que se desse uma comunicação constante e fluída entre os mosteiros que ia fundando. Ela não queria ilhas, mas espaço de comunhão e comunicação”, explica.
“Quando alguém lê os escritos teresianos e o faz à luz da realidade histórica e eclesial na qual foram escritos, sem dúvida assombra sua sobrevivência. E a razão de tudo isso se fundamenta na grande inteligência de sua autora para aprender a sobreviver em um ambiente hostil e contrário à mensagem que ela pretende transmitir”, acrescenta o sacerdote.
Uma vocação por comunicar que também tem suas raízes no contato com a realidade, como o explica o Padre Sancho Fermín: “Mas a necessidade de comunicar também emerge ao contato com a realidade: uma realidade necessitada de uma notícia e de uma mensagem diferente, que ajude ao homem a sair de sua grande ignorância. Curiosamente Teresa observa que a raiz de muitos dos males de seu tempo, a raiz mais profunda, se encontra na ignorância generalizada sobre o que é o homem e sua dignidade. As guerras de religião, as injustiças, as barbaridades que se cometem com os índios nas Américas, etc. Tudo se origina na ignorância do homem”.
Finalmente, manifesta que a força comunicativa de Santa Teresa radica “na veracidade testemunhal do que transmite; em saber chegar ao coração da pessoa; em saber dar a luz às trevas que habitam em nós; em saber resolver o mistério de alguém, e em transmitir-nos o rosto de um Deus amigo e misericordioso”. (GPE/EPC)