Era a noite de um ano quente e conturbado na Florença quando sete jovens, que hoje conhecemos como os Sete Fundadores Servitas, cruzavam uma ponte e topavam com Nossa Senhora, vestida de luto.

Mais cedo naquele dia, quando todos rezavam e cantavam um cântico mariano, a maioria deles também disse ter visto a imagem de Maria Virgem se mexer. Diante da Santa Senhora de luto, perguntaram o que acontecera com Ela para se trajar de preto.

Ela respondeu que caminhava triste pela guerra civil que se dava em Florença. Guerra fruto do apego aos bens e ao poder, à ganância pecaminosa que queria um luxo cada vez mais desequilibrado. Assim, persuadidos pelo Espírito Santo, decidiram os sete se despojarem de todas suas riquezas, posições e títulos, e viverem a pobreza com total desapego.

Assim nascia a ordem dos Servitas.

Pobreza contra o luxo desmedido

O ser humano precisa constantemente ser lembrado da virtude, pois vai se entregando aos extremos com o passar do tempo. Não é à toa que comparam a humanidade com um parafuso espanado: com o movimentar da porta, ele começa a se soltar dos cardos que o prendem.

A sociedade europeia, outrora conturbada pelo avance dos generais bárbaros, viveu com medo. Não havia ninguém que vivesse sozinho, sem a proteção de algum senhor feudal. A última das invasões foi a dos Viking, no século X, disseminando novamente o pavor nos corações.

Porém, dois séculos depois, estabelecida uma paz frutífera e aumento da carga civilizatória, a estabilidade, a riqueza foi se tornando um ponto em evidência. Tal seria, eram tempos de prosperidade.

Mas a Santa Igreja discerniu um movimento de muita ostentação, de muito luxo e apego: através de seu Divino Esposo, suscitou atrás de si homens que largavam tudo para lembrar à humanidade a importância da pobreza: foi o início das ordens mendicantes.

Os santos Servitas se proporam praticar esta extrema pobreza, sendo exemplo para os corruptos e fanáticos de guerra florentinos, que buscavam com mortes inocentes apenas mais cargo e poder.

Quando os seus conterrâneos os viam, vestidos de uma lã ordinária, de preto, antes homens de dinheiro e posse, sentiam um peso na consciência. Era a mão de Deus pairando sobre a sociedade medieval.

Os Setes fundadores dos Servitas passam por provações

Com o auxílio do bispo local, os sete fundadores Servitas fundam uma casa religiosa onde praticariam a Regra de Santo Agostinho, num espírito autenticamente franciscano.

Infelizmente, a comunicação papal ameaçou-os: todas as ordens mendicantes que não fossem declaradas autênticas seriam fechadas. O decreto veio do concílio de Lyon, e três dos santos fundadores já haviam morrido quando tal fato se deu.

O quarto superior geral da ordem dos servitas lutou pela reclassificação da norma, e sua fé conquistou, junto com a de todos da congregação, um voto de reconhecimento, que só se deu em 1304.

Neste ano, todos os sete fundadores dos Servitas já haviam falecido, menos o mais novo deles, o sétimo, Alessio Falconieri, que faleceu apenas em 1310. Assim, foi premiado por Deus em nome de seus seis irmãos religiosos. Eles já estavam, naquele momento, vendo a obra ganhar o status de ordem religiosa.

De lá para cá, os Servitas se espalham pelo mundo, sempre levando o espírito marial e o amor à pobreza que seus primeiros sete pais lhes ensinaram.

A data de celebração dos sete fundadores foi fixada para o dia 17 de fevereiro, visto ser esta a morte do último deles, Alessio.

Cf. https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/02/17/ss--sete-fundadores-da-ordem-dos-servitas-de-nossa-senhora--entr.html