Santidade dentro da nobreza e do casamento
A história dos esposos santos celebrados no dia 13 de julho, Santo Henrique e Santa Cunegundes, é a personificação das palavras de Leão XIII em sua encíclica Immortale Dei: “tempo houve que a filosofia do Evangelho governava os Estados”. Pois, mesmo distantes de uma vida ascética ou eremítica, os dois provaram ser fiéis ao Espírito Santo que soprava em seus corações.
Santo Henrique e Santa Cunegundes
Nasceu como duque, em 973, no dia 6 de maio. Oficialmente assumiu o ducado com a morte de seu pai, Henrique I, em 995. Por essa época, Santo Henrique teve um sonho onde via vividamente as palavras: “entre seis”. Num primeiro momento, achou que era Deus lhe revelando a data de sua morte, dali a seis dias.
Assim, Henrique II se pôs a fazer muitas orações e algumas penitências, tendo para si que sua morte já estava decretada. Porém, passaram-se seis dias e nada aconteceu. Assim, tomou por conta que os “seis” seriam seis meses de preparação para assumir o ducado deixado pelo pai.
Mais uma vez, não foi esta a resposta. Ele só entenderia essa revelação divina quando, dali a seis anos, seria eleito como Imperador do Sacro Império Romano Germânico. De fato, Henrique II era neto de Carlos Magno, e foi o último imperador da dinastia de Oto da Saxônia. Aliás, Santo Henrique é o único imperador canonizado pela Igreja, por ora; reis há, mas imperador somente ele.
Ele ficou reconhecido como o Apóstolo da Paz no início do século XI e um dos mais destacados promotores da civilização cristã ocidental, sempre junto com o Papado e com os monges da histórica abadia de Cluny. Erguia igrejas, construía conventos e apoiava os missionários. Pela dedicação à fé cristã e ao amor por Cristo, foi chamado Henrique, o Piedoso.
Santa Cunegundes era filha dos reis de Luxemburgo, e foi dada em casamento um pouco antes de Henrique II assumir o ducado de seu pai. Quando o príncipe Oto III morreu sem deixar descendentes e seu marido Henrique foi eleito como Imperador, Santa Cunegundes alcançou a honra de ser a Imperatriz.
Durante os dez anos do reinado do imperador, seu marido, Santa Cunegundes ajudou em todas as realizações de paz e prosperidade que ele esteve envolvido. Seu tato diplomático rendeu ao império novas relações com outras famílias reais.
Quando seu marido morreu em 1024, Santa Cunegundes resolveu abandonar o mundo e professar a vida religiosa. Deixou riquezas, posições e mimos para se trancar no anonimato e na servidão de um convento. Viveu até os 61 anos, glorificando a Deus com sua vida santa.
Em pouco mais de cem anos ambos os esposos foram canonizados, como exemplo da vida virtuosa que tiveram, mesmo no meio dos luxos da corte e da realeza, provando que a santidade é sim um chamado universal, possível de ser alcançada em qualquer estado de vida.
Família santa
O perfume das lições evangélicas, como ressaltado no início, produziu para a Santa Igreja valorosos santos e para a sociedade civil muitos progressos em todas as linhas. Santo Henrique teve irmãos que também foram virtuosos: seu irmão Bruno foi bispo; sua irmã Brígida foi religiosa; outra irmã, Gisela, foi esposa de Santo Estêvão, rei da Hungria. Aliás, para conceder sua irmã Gisela como esposa ao rei Estêvão, Henrique impôs a condição de que o rei húngaro propagasse o catolicismo por todo o seu território.
A paz realizada pelo soberano e sua santa esposa até hoje ainda tem frutos em acordos de território e gestão de reinado. Isso só prova que, quando se atende ao chamado divino, daí não resultam decepções; ser um santo consiste em buscar a perfeição de suas funções e obrigações.
Que Nossa Senhora abençoe mais uma vez a humanidade com dignos representantes e virtuosos governantes. E que a era prometida por Nossa Senhora em Fátima possa reviver a filosofia do Evangelho mais uma vez em nossa sociedade tão conturbada pelo pecado.