São José
(Mateus 1, 18-25 e 2, 13-23)
Hoje, no segundo dia da novena de Natal, vamos considerar a figura de São José.
No presépio, ele está sempre um pouco recuado, quase na sombra, olhando para o Menino e amparando Maria e Jesus com a sua vigilância amorosa.
O Evangelho o define com uma só palavra: era JUSTO .
Quando a Bíblia diz de alguém que é justo, quer dizer que é bom, que é reto, que está sempre em plena sintonia com Deus, com os seus preceitos e os seus pedidos.
São José foi reto no meio das dificuldades, como foi leal com Deus e com Maria naqueles momentos desconcertantes em que não entendia o que estava acontecendo.
Lembremo-nos do Evangelho. São Mateus conta que, depois de Maria “ter concebido por virtude do Espírito Santo, José, seu esposo, que era um homem justo e não queria infamá-La, resolveu deixá-La secretamente” (Mt 1, 19).
O justo José percebeu a gravidez de Maria, que era um tremendo mistério entre ela e Deus. E aqui começou a sua reação: em nenhum momento quis pensar mal d’Ela. Nem por um segundo admitiu a possibilidade de que nela houvesse a menor sombra de pecado ou de traição… Ele A amava, ele A conhecia, ele percebia a pureza santíssima dos olhos, dos gestos, da alma de Maria…
Olhando para Maria, José sentia-se envolto num mistério inefável que o ultrapassava. E Deus permitiu que sofresse isso para que nós víssemos o que é ser justo, o que é ser bom. Porque, não querendo nem por sombra pensar mal, a primeira coisa que lhe veio à cabeça foi proteger Maria e não acusá-La.
Ser reto é isso: fazer o que a consciência indica como o melhor caminho, o mais certo, o mais perfeito aos olhos de Deus, ainda que esse bom caminho nos traga sacrifícios e prejudique os nossos interesses. José era reto porque agia por motivos retos, puros, por amor, por fidelidade, por honradez.
Precisou de muita coragem e de muita fé em Deus, como Maria. Aquilo era saltar no escuro. Era lançar todo o seu futuro nas mãos do Senhor e esperar que Ele cuidasse de tudo como um Pai.
Como custa o desprendimento!
Quantos casais rezariam mais e lutariam melhor para superar desavenças se pensassem no outro, ao invés de dizer que estão saturados, que não aguentam mais ou que chegou a hora de cada um “aproveitar a vida enquanto é tempo”. José não quis aproveitar nada. Só quis ser bom e fiel. E tudo por amor.
Por isso Deus o amou com predileção. Passados os primeiros momentos de angústia, Este O tranquilizou: “Eis que um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua Esposa, pois o que n’Ela foi concebido é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, e tu Lhe porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados’” (Mt 1, 20-21).
Que alegria deve ter inundado a alma de José ao receber essa mensagem! Com que carinho imenso, com que admiração, com que veneração olharia para Maria a partir daquele momento!
Vejam que a vida de José se pode escrever com as mesmas palavras com que Deus lhe vai manifestando a sua vontade. Recebe as indicações de Deus com o coração aberto e não perde um minuto hesitando, negociando… Ao contrário, na hora, com muita paz e serenidade, começa a pôr em prática o que Deus lhe manifesta.
Esta é a grande lição que José nos dá hoje. Vamos pedir-lhe que nos ajude a ser justos; que nos ensine também a ser retos nos nossos juízos sobre os outros, a não pensar precipitadamente nem julgar mal; que nos ensine a estar sempre em sintonia com o que Deus quer.
Ó Deus de bondade, que nos destes Maria e José como exemplo,
concedei-nos imitar as suas virtudes para que,
unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Oração Final