As portas de Belém
(Lucas 2, 1-7)

Uma coisa que vemos em todos os presépios é a pobreza do lugar onde Jesus nasceu: um estábulo onde se recolhe o gado.

Umas vezes, tem a aparência de uma gruta – assim deve ter sido na realidade – e outras, a de um telheiro ou galpão de adobe e tábuas, chão batido e palha.

“Estando eles ali, completaram-se os dias de Maria. E deu à luz seu Filho primogênito e, envolvendo-O em faixas, reclinou-O numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2, 6-7).

Pensar que Maria ia dar à luz e não achou nem uma só casa que A acolhesse! Todas as portas se fecharam. José foi batendo numa, noutra, também na hospedaria atulhada de viajantes: ninguém abriu. Todos disseram “não”.

Não havia lugar para eles… Todas as portas fechadas.

Vale a pena meditarmos hoje sobre isso. Há um fato real, e é que Jesus continua a encontrar fechadas as portas de muitos corações.

Perguntemo-nos: como Ele encontrará as nossas, quando vier na noite de Natal?

Que dor! Cada “não” a Deus foi um ato de egoísmo nosso, algum tipo de falta de amor. Cada não a Deus é uma escolha que fazemos, colocando-nos a nós na frente e passando Deus para trás.

E cada recusa concreta tem um nome concreto. Cada recusa tem algum destes sete nomes, bem conhecidos: orgulho, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. São os sete grandes ferrolhos que trancam a porta. São os sete pecados capitais.

A soberba, o orgulho, é o pior. Torna-nos convencidos, arrogantes, autossuficientes, vaidosos. Leva-nos a desculpar e justificar todos os nossos erros e a não aceitar correções ou conselhos de ninguém. Leva-nos a criticar e a pôr as culpas de tudo nos outros. Faz-nos desprezar o modo de ser das outras pessoas. Enclausura-nos dentro de nós mesmos. Incha-nos como um balão.

A chave de ouro que abre essa porta é a humildade.

A luxúria é outro pecado principal. Consiste na procura desordenada dos prazeres impuros e egoístas. E a chave de ouro que abre essa porta é a castidade, ou seja, a pureza do coração, dos olhos, da imaginação e do corpo.

O contrário da luxúria é o amor esponsal puro, belo, ardente e fiel: o amor que encontra o seu sentido pleno no Sacramento do Matrimônio, a aliança santa que faz – com a bênção de Deus – de duas vidas uma só.

Senhor, tende piedade das nossas fraquezas,
e fazei de nós testemunhas da pureza cristã
no meio de um mundo dominado pela sensualidade doentia e descontrolada.

Neste Natal, nós queremos abrir todas essas portas, não é verdade? Mas temos que entender que a única mão capaz de pegar nas chaves de ouro e de pô-las na fechadura é o amor.

E, para nós, que somos pecadores, esse amor deve tomar muitas vezes – especialmente nesta preparação do Natal – a forma da contrição, que é a dor de não termos sabido amar a Deus como devíamos; é o arrependimento que leva à penitência, à reconciliação com Deus, à confissão.

Peçamos a Jesus Menino que nos conceda a graça dessa mudança; vamos dizer a Cristo: “Senhor, a porta está aberta. Podeis entrar!”

Oração Final



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